domingo, 28 de outubro de 2012

SIC OFERECEU CONDIÇÕES FANTÁSTICAS A CRISTINA FERREIRA



A apresentadora Cristina Ferreira, da TVI, deu uma entrevista à revista Noticias TV em que falou da tentativa que a SIC fez no passado para a conquistar, mas sem sucesso... Já Júlia Pinheiro, na época Diretora na TVI, não teve medo de perder a apresentadora e disse-lhe para ouvir a proposta da SIC...

A ida de Júlia Pinheiro para as manhãs da SIC, em março de 2011, obrigou-vos a um esforço maior nesse sentido? A ida da Júlia para a SIC e também a Praça da Alegria [RTP1], porque, apesar de estar no ar há tantos anos, soube ir reinventando-se. Nós fomos percebendo do que o público gostava. Quando ligamos às audiências é no sentido de sabermos que espectadores estamos a atingir. E com o Facebook também recebemos um determinado tipo de público que não tínhamos. Há sempre a ideia de que estes programas, os das manhãs, são para as senhoras com mais de 65 anos, que estão em casa sem grande coisa para fazer. Isso acontecia há vinte anos. Hoje há um leque muito variado de pessoas a ver-nos. E isto acontece também porque durante três horas temos todo o tipo de histórias.

Vê-se como diretora de programas? Vejo. Nós mulheres pagamos algumas vezes pela imagem, que já não fica tão bem em televisão, embora tenhamos cada vez mais profissionais de sucesso com 50, 60 e 70 anos. Sei que a partir de determinada altura aparece o "já chega" e, como não me vejo longe da televisão, encaro essa possibilidade. Já levo dez anos de profissão e, se puder andar aqui mais 15 ou 20 à frente das câmaras, isso dá-me outra estaleca... Não estou a dizer que vou chegar a diretora de uma estação, mas que poderei ocupar outros cargos que me permitirão até formar outras pessoas.

Como Júlia Pinheiro... A diretora de Conteúdos da SIC é um exemplo a seguir? É. Até porque acho que faz parte da ordem natural das coisas. Se pensarmos bem, as caras que marcam uma estação de televisão não são assim tantas e, assim sendo, essas terão mais tarde ou mais cedo que evoluir para outros projetos. De qualquer forma, é um futuro que imagino para daqui a muitos anos. E acho que terei capacidades para ocupar outros cargos. Por exemplo, uma das coisas que gostava imenso de fazer - que não sei se alguma vez acontecerá - é ir àquelas feiras de programas. Não sei como é que um diretor de uma estação chega perto daquela oferta toda e escolhe o que quer. É um trabalho interessantíssimo que vou querer conhecer.

Há mais de dois anos, quando foi convidada para ir para a SIC, optou por permanecer na TVI "por uma questão de lealdade". Lealdade a quem? À estação que apostou em si ou ao Goucha? E, já agora, até onde vai essa lealdade? Lealdade a todos. E devo confessar que vai longe. Quando fui convidada, a Júlia ainda estava na TVI e eu tenho de lhe agradecer por ela ter dito "vai ver o que eles têm para te oferecer. Tu tens de saber qual é o teu valor". Essa foi uma atitude que nem toda a gente teria tido. Outras pessoas disseram-me "não vás", não queriam sequer deixa-me ouvir o que o outro lado tinha para me dar. E nesse aspeto tenho uma confiança extrema na Júlia Pinheiro. Ela aconselhou-me a ir, mesmo sabendo que isso poderia não ser o melhor para ela, mas era o melhor para mim. O que eu senti foi que se esta foi a casa que me deu oportunidade para eu começar a fazer televisão, se foi aqui que cresci, se foi a TVI que me foi dando desafios, e me valorizaram quando houve essa hipótese de me perder, eu tinha de lhe dar mais ainda. Tinha de estar aqui.

Foi uma decisão complicada? Foi talvez a época mais difícil da minha vida. Uma miúda de trinta e poucos anos ver-se perante a novidade, o crescimento, a possibilidade de fazer outra coisa... Eu vivo neste balanço de estar agarrada ao Goucha e desagarrar-me do Goucha. De adorar trabalhar com o Goucha e de as pessoas me verem para além dele, da dupla. As condições que a SIC me ofereceu eram fantásticas, mas eu senti mesmo que tinha de ficar na TVI.

E se voltasse a receber a mesma proposta, qual seria agora a sua postura? Provavelmente a mesma. Devo muito a esta estação e a estação também sabe que eu cumpri os desafios que me foram dados. Tenho a profunda certeza de que quem gere esta casa neste momento, que não são as mesmas pessoas que me deram essas oportunidades, confia em mim e tem noção do meu valor dentro da televisão. Sinto-me satisfeita, até porque serei capaz de dizer, se for necessário, "não sei se é este o meu caminho" ou "não sei se isto é bom para mim". Até agora, todas as direções que por aqui passaram tiveram a sensibilidade de me colocar nos desafios certos. Já podiam ter arriscado noutras coisas, já podiam ter usado a minha imagem e nunca o fizeram.

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